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Lênin sobre os sonhos

O Movimento pró-formação de uma Tendência Marxista-Leninista do PT, apesar da luta de classes não dar tréguas, como demonstram as demissões de 30 mil professores no Paraná pelo governo do PSDB tucano e a tentativa de aumento das passagens de ônibus dos prefeitos do Grande ABC paulista, mesmo assim, de uma maneira otimista, aproveita o final do Ano, onde se renovam as esperanças e os sonhos, e publica abaixo um belo trecho de “Que fazer”, escrito no Outono de 1901 – Fevereiro de 1902, onde Lênin fala sobre os sonhos (V.I. LENINE, Obras Escolhidas 1, págs. 200/2001, Editora Alfa-Omega, 1979), abordando a questão da unificação do partido, porque à época, no Império Russo do Tzar, os sociais-democratas, os marxistas, estavam dispersos em vários círculos locais, ou em pequenas organizações como a do Bund judeu.

“É preciso sonhar! Escrevi estas palavras e assustei-me. Imaginei-me sentado no “congresso de unificação”, tendo à minha frente os redactores e colaboradores da Robótcheie Dielo. E eis que se levanta o camarada Martinov e, em tom ameaçador, dirige-se-me: “Permita-me que lhe faça uma pergunta: tem ainda a redação autônoma o direito de sonhar sem prévio referendo dos comitês do partido?” Atrás dele levanta-se o camarada Kritchévski e (aprofundando filosoficamente o camarada Martinov, que, há muito tempo já, tinha aprofundado o camarada Plekhánov), num tom ainda mais ameaçador, continua: “Eu vou ainda mais longe, e pergunto se em geral um marxista tem o direito de sonhar, se não esquece que, segundo Marx, a humanidade sempre pôs perante si tarefas realizáveis, e que a táctica é um processo de crescimento das tarefas, que crescem com o partido.”

Só de pensar nestas perguntas ameaçadoras sinto calafrios, e não penso senão numa coisa: onde me esconder. Tentarei esconder-me atrás de Píssarev.

“Há desacordos e desacordo – escrevia Píssarev sobre o desacordo entre os sonhos e a realidade. – Os meus sonhos podem ultrapassar o curso natural dos acontecimentos ou podem desviar-se para um lado onde o curso natural dos acontecimentos não pode nunca chegar. No primeiro caso, os sonhos não produzem nenhum dano, e podem até apoiar e reforçar as energias do trabalhador...Em sonhos desta índole, nada existe que possa deformar ou paralisar a força do trabalho. Bem pelo contrário. Se o homem tivesse completamente privado da capacidade de sonhar assim, se não pudesse de vez em quando  adiantar-se e contemplar em imaginação o quadro inteiramente acabado da obra que se esboça entre as suas mãos, eu não poderia, de maneira alguma, compreender que móbil levaria o homem a iniciar e levar a seu termo vastos e penosos empreendimentos nas artes, nas ciências e na vida prática...O desacordo entre os sonhos e a realidade nada tem de nocivo, sempre que a pessoa que sonhe acredite seriamente no seu sonho, observe atentamente a vida, compare as suas observações com os seus castelos no ar e, de uma maneira geral, trabalhe escrupulosamente para a realização das suas fantasias. Quando existe um contacto entre o sonho e a vida, tudo vai bem.” (181 V.I. Lénine cita o artigo de D.I. Píssarev Erros de Um Pensamento Imaturo – Idem, pág. 709).

Pois bem, sonhos desta natureza, infelizmente, são muito raros no nosso movimento. E a culpa têm-na sobretudo os representantes da crítica legal e do “seguidismo” ilegal, que se gabam da sua ponderação, da sua “proximidade” do “concreto"."

Vladimir Ilitch Ulianov (Nicolau Lênin)

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