O imperialismo
norte-americano aumenta a ofensiva na Síria, sob pretexto de “abertura de
negociações de paz”, como noticiou o Portal Vermelho, ontem em 29 de janeiro:
“Começam novas negociações de
paz sobre a situação na Síria
As negociações para a paz na Síria começam hoje
(29), em Genebra, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), mas a oposição
ao regime de Bashar Al Assad, reunida em Riad, Arábia Saudita, informou que não
estará presente.
Na quinta-feira (28), o enviado da ONU para a Síria, Staffan de Mistura,
destacou que as negociações – que integram um plano aprovado em novembro em
Viena, prevendo um governo de transição, uma nova Constituição e eleições em 18
meses – "não podem falhar".
Fonte próxima do governo sírio assegurou que a delegação de Damasco comparecerá na Suíça, conforme combinado, mas a oposição ao regime de Damasco disse que estará ausente por ainda "não ter tomado uma decisão".
Fonte próxima do governo sírio assegurou que a delegação de Damasco comparecerá na Suíça, conforme combinado, mas a oposição ao regime de Damasco disse que estará ausente por ainda "não ter tomado uma decisão".
A iniciativa é da ONU, que como disse Lênin de sua antecessora, a
Sociedade das Nações, é um covil de
bandidos, instrumento do imperialismo norte-americano e europeu, apoiada pela
Arábia Saudita, que possui um regime arqui-reacionário, que recentemente
executou um clérigo xiita, para provocar e atacar o Irã, em colaboração com a
Turquia, ligada à OTAN, e Israel, enclave sionista e terrorista na Palestina
ocupada. Agora a Arábia Saudita quer dar uma de boazinha:
“O grupo, apoiado pela Arábia Saudita, pediu "esclarecimentos" após a ONU ter convidado outras figuras da oposição e disse querer garantias de que a comunidade internacional agirá para que terminem os ataques de Damasco a civis e para permitir a ajuda humanitária.” (Idem).
O pretexto do imperialismo é:
“Segundo o enviado da ONU, é prioritário obter “um cessar-fogo, uma
suspensão das hostilidades, uma pausa nos combates", embora a luta contra
os grupos terroristas não deva estar incluída nas tréguas, essenciais para que
a ajuda humanitária chegue a quem precisa.” (Idem).
Na verdade, essas “negociações” não são para supostamente resolver o conflito, mas têm como objetivo, a derrubada do governo Assad pelo imperialismo norte-americano, estratégia essa colocada em prática desde 2011, com o armamento do Estados Islâmico, pela burguesia texana, para destruir completamente o Iraque e a Síria:
“De acordo com as autoridades, as negociações para terminar com o conflito na Síria – que já matou mais de 260 mil pessoas e deslocou milhões para longe das suas casas – devem prolongar-se por seis meses, com a primeira ronda a durar duas a três semanas.
A guerra civil, com início em 2011, já motivou duas séries de negociações, denominadas Genebra 1 e Genebra 2, ambas sem resultados.”(Idem).
Kautski imaginou o surgimento de um surper-imperialismo, com a atenuação
da luta de classes, com a passagem ao socialismo de forma pacífica. Todavia,
Lênin é que tinha razão. Para o líder do Partido Bolchevique, a nossa época é
imperialista, a época da fusão do capital industrial e bancário, formando o
capital financeiro, é a época dos monopólios, de reação em toda linha, de
guerras e revoluções. As contradições na fase imperialista, ao invés de se
atenuarem, elas se exacerbam, chegam ao paroxismo.
Agora com a ascensão dos imperialismo do Bloco Eurásico, ou seja, da
China e da Rússia, países que, por serem ex-estados operários realizaram as
chamadas tarefas democráticas, conseguindo expulsar o imperialismo e fazer as
reforma e revolução agrária, obtiveram uma verdadeira independência nacional, e
com a liberação das forças produtivas, em razão de ter vigorado, nas sociedades
de transição ao socialismo que viveram, a lei da economia planificada em contradição
com a lei do valor (conforme estudos do revolucionário e economista
Eugênio Preobrajenski, em sua obra “A
Nova Econômica”), puderam liberar as forças produtivas, o que permitiu
desenvolverem-se como países imperialistas, sendo que hoje exportam capitais e
disputam mercados com os principais imperialismos tradicionais, isto é, Estados
Unidos, Inglaterra, França, Alemanha e Japão.
Assim, a disputa imperialista que, aparentemente, havia se “acomodado”
com a passagem do Estados Unidos para a liderança dos países imperialistas,
superando a Inglaterra (chegou-se a falar na “Pax americana”), agora com a
ascensão do Bloco Sino-russo, as contradições imperialistas voltaram a se exacerbar.
O Bloco Eurásico fundou recentemente, em 15 de julho de 2014, o Novo
Banco de Desenvolvimento (NBD), mais conhecido como o Banco do Brics (Brasil,
Rússia, China, Índia e África do Sul), com um aporte inicial de 100 bilhões de
dólares, o que coloca em xeque a hegemonia do dólar, estabelecida nos acordos
de Bretton Woods, desde 1944.
A China avançou nos mercados da América Latina, comprando commodities da
Argentina, Brasil, Uruguai, Venezuela (carne, minério de ferro, soja, petróleo,
etc), enquando vende usinas nucleares para a Argentina, exporta capitais, etc.
Por isso, que os Estados Unidos jogam pesado, com a política golpista, para
substituir os governos latino-americanos, visando a “quebra dos contratos”,
logicamente com a China e a Rússia, porque os contratos com eles, Estados
Unidos, devem ser honrados.
Na Argentina, Macri governa por decreto e, com certeza, vai tentar
romper os contratos com a China e com a Rússia, pois voltou-se para os Estados
Unidos, colocando uma espiã da CIA como chanceler, como ministra da relações
exteriores, e também para o enclave sionista e terrorista de Israel. Inclusive,
já deteve a líder indígena Milagro Sala, que está fazendo greve de fome,
correndo risco de morte.
Essa experiência da Argentina precisa ser estudada pelo movimento
operário e popular brasileiro e latino-americano, tendo em vista o chamado
efeito Orloff, ou seja, a vitória da direita golpista, da burguesia
pró-imperialista coloca a criminalização dos movimentos sociais e populares. O
Brasil, a Bolívia, o Chile, o Equador, o Uruguai e a Venezuela poderão ser a
Argentina amanhã.
O Brasil pode ser a Argentina amanhã. Por isso, é importante que o
pessoal da “3ª via” (PSTU, PCB, MRT/LER-QI, LBI, etc.) reflitam sobre a
situação argentina, assim como a própria direção majoritária do PT, porque se
não derrotarmos o golpe, a burguesia e o imperialismo norte-americano levarão
até às últimas consequências a política de austeridade e de “ajuste fiscal”,
apenas para restabelecer a taxa de lucro dos industriais e dos banquerios, com
um ataque às liberdades democráticas, aos partidos operários e de esquerda e às
organizações sindicais e com a criminalização dos movimentos populares, implantando a
terceirização de forma generalizada, apoderando-se da Petrobrás, acabando com
as aposentadorias e pensões, recolonizando o país e implantando uma verdadeira
escravidão.
A China avança na América e os Estados Unidos provocam escaramuças com
ela nos Mares do Sul da China.
A Rússia está em conflito com os Estados Unidos na Ucrânia.
Recentemente, uma avião comercial russo foi derrubado no Egito, matando centena
de pessoas, provavelmente por intervenção do enclave sionista e terrorista de
Israel, sustentado pelo imperialismo norte-americano. Além disso, um caça russo
foi derrubado pela Turquia, ligada à OTAN, matando um dos pilotos. Sem dúvida,
há uma Nova Guerra Fria, o que coloca a possibilidade da deflagração da III
Guerra Mundial, sendo que, como revolucionários internacionalistas, nos
colocamos pela derrota das burguesias nacionais e imperialistas.
O Movimento pró-formação da Tendência Marxista-Leninista do PT entende
que, como nos ensinou Trotsky, em conversa com o líder trotskista argentino,
Mateo Fossa, na década de 1930 do Século passado, que num eventual ataque da
Inglaterra ao Brasil, que ficaria do lado do Brasil, de Getúlio Vargas, nação
semi-colonial atrasada, contra o imperialismo inglês, da mesma forma, em razão
do ataque à Síria por parte do imperialismo norte-americano, fazemos frente única com Assad contra os
Estados Unidos e seus grupos e apoiadores como o Estado Islâmico.
Todavia, a frente única com Assad, não significa que o apoiamos. E isso
faz toda a diferença, conforme Lênin. Não somos como a Liga Comunista/Frente
Comunista dos Trabalhadores que ilustra as suas matérias referentes à Síria com
pessoas segurando cartazes com fotos do
ditador Assad, fato esse que não nos surpreende em razão de sua herança
Healysta, pois Gerry Healy, adaptou-se aos movimentos nacionalistas árabes,
como o de Kadafi na Líbia. A nossa posição é diferente, é baseada na
experiência dos bolcheviques, em 1917, que fizeram frente única com Kerenski
contra Kornilov, porém sem apoiar Kerenski.
Tanto que, depois que Kornilov foi derrotado, em seguida os bolcheviques
derrubaram Kerenski. Essa é a nossa estratégia.
O fato da Rússia imperialista apoiar Assad não significa que temos de
fazer frente única com a mesma. O que há atualmente é a Nova Guerra Fria, a disputa
inter-imperialista da OTAN, liderada
pelos Estados Unidos, Inglaterra, França, Alemanha e Japão, contra o Bloco
Eurásico da China e Rússia. Fazemos frente única com Assad, mas não com a
Rússia imperialista.
Às vezes acontece de uma ação de um país imperialista ajudar
indiretamente o campo progressista. Para ajudar a entender a nossa posição,
vamos citar um exemplo didático de Leon Trotsky (“Resposta a perguntas
relativas à situação espanhola”, de 1937, com nossa tradução livre do
castelhano para o português):
“Dois barcos com armas e munições saem da França e dos Estados Unidos,
um para Franco e outro para Negrín. Que atitude deveriam tomar os
trabalhadores? Sabotar o transporte dos dois ou só o de Franco? Não somos
neutros. Deixaríamos passar o barco com munições para Negrín. Sem ilusões, sabemos que destas balas, nove de
cada dez serão dirigidas contra os fascistas, porém ao menos uma contra nossos
camaradas. Porém as munições destinadas a Franco, dez de dez serão dirigidas
contra nossos camaradas. Não somos neutros. Não deixaríamos passar o barco com munições para Franco. Entenda-se
bem, se se produzisse na Espanha uma inssurreição operária armada, tentaríamos
fazer chegar as armas e as munições até às massas de operários inssurretos.
Porém enquanto não tenham suficiente força para isto, escolheríamos o mal
menor.”
Assim, a TML está do
lado da Síria de Assad contra os Estados Unidos e a OTAN. Todavia não apoia
Assad e não tem nenhuma ilusão no mesmo, considerando que a esperança de
vitória contra a OTAN tem de ser depositada nos operários e nos povos Sírios e
Iraquianos que lutam contra o Estado Islâmico e os mercenários pagos pelos
norte-americanos. Além disso, a TML não faz frente única com a Rússia, por
entender que este país é imperialista.
- Tirem as mãos da
Síria!
- Pela vitória da Síria contra o imperialismo da OTAN!
Erwin Wolf
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